Endometriomas – Dr. José Reis no Congresso SPCMIN

Endometriomas (quistos dos ovários) – José Reis

O tema de como lidar com os quistos de endometriose dos ovários (designados por endometriomas) é um tema que gera muita discussão atualmente, com inúmeras publicações sobre o tema e com divergências de opinião, entre uma atitude mais conservadora ou uma atitude mais interventiva.

Nas situações em que os endometriomas se apresentam sintomáticos, maioritariamente associados a dor pélvica ou em que os exames de diagnóstico não são tranquilizadores quanto à benignidade da lesão, nesse caso a indicação cirúrgica é consensual.

A discussão coloca-se sobretudo quando os endometriomas surgem num exame de rotina ou, o que acontece muitas vezes no contexto de uma investigação de um casal com infertilidade.

Nas situações de infertilidade há divergência de opiniões entre um grupo de experts que defende “cirurgia primeiro”, ou seja, antes de avançar para tratamentos de infertilidade e outro grupo que defende a realização de fertilização in vitro (FIV) antes de eventual cirurgia.

Os defensores da cirurgia alegam, entre outras coisas, que a cirurgia para remoção dos endometriomas permite aliviar os sintomas, aumenta da taxa de gravidez espontânea, permite a análise histológica dos quistos para exclusão de eventual malignidade, facilita o acesso aos ovários na altura da FIV (no caso de haver aderências), e por último impede a evolução da doença, a qual pode por si só destruir progressivamente o ovário.

Já os autores que defendem a Fertilização in vitro sem necessidade de excisão prévia dos endometriomas, argumenta entre outras coisas que há estudos em que o resultado da FIV é semelhante antes ou após a cirurgia e que a cirurgia pode ter um efeito deletério na reserva ovárica nas situações em que esta seja realizada por cirurgiões com pouca experiência neste tipo de intervenções.

Para responder a esta questão o Dr. José Reis defendeu que a análise deva ser feita de forma individualizada e decidir caso a caso, existindo situações que favorecem a conduta expetante e outras situações que favorecem a cirurgia.

Nos casos de endometriomas recorrentes, de endometriomas bilaterais ou em que a reserva ovárica já é baixa à partida, essas são situações que favorecem a FIV primeiro, porque a cirurgia tem aqui maior probabilidade de afetar a reserva ovárica.

Por outro lado, a existência de sintomas, nomeadamente dor pélvica, exames complementares não tranquilizadores quanto à benignidade ou o crescimento rápido do quisto são indicadores que favorecem a cirurgia primeiro antes de eventual FIV.